quarta-feira, 25 de julho de 2012

Florestabilidade

Despertar vocações para carreiras em manejo florestal. Assim começa a descrição do Projeto encampado pela Fundação Roberto Marinho. Parceria com o Fundo Vale  e com apoio do Serviço Florestal Brasileiro e Governos Estaduais da Amazônia, o Projeto ‘Florestabilidade: Educação para o Manejo Florestal’ procura difundir o uso sustentável das florestas e oferecer recursos pedagógicos para professores e técnicos extensionistas da Amazônia. Segundo o texto, a necessidade de se propagar as vantagens econômicas, sociais e ambientais do manejo florestal consiste numa das justificativas do projeto. Em todas as palavras, tudo o que a sociedade deseja, especialmente a comunidade florestal.



Não era sem tempo que uma organização atrelada a uma das maiores empresas de comunicação do mundo assumisse uma iniciativa, sem trocadilhos, dessa natureza. A programação e a propaganda que veicula parecem não despertar mais interesse em temas relevantes. A curiosidade dos telespectadores, quando muito, é direcionada para temas fúteis e espetacularmente irrelevantes. A apatia, desinteresse, indiferença e desinformação em assuntos vitais é a regra. Seria isso proposital? 


A mineradora, também uma das maiores do mundo, agraciada recentemente com o título de empresa com a pior atuação ambiental, se propõe a refazer a conceituação popular, apoiando financeiramente esta distinta empreitada, apesar do montante irrisório e alcance restrito


Mina de Carajás. Foto Salviano Machado
Quanto ao serviço público, já temos nosso pós conceito: nós contribuintes custeamos, é ineficiente ou não funciona, é corrompido, e apesar de tudo isso, não quero nem saber. Talvez tenha sido a programação televisiva, que contribuiu durante décadas para tais convicções e omissões, numa concessão intencionalmente permissiva ou conivente. E agora a passividade parece inquebrável. Mas vem ai a próxima atração.

Programação no horário nobre, recursos massivos da mineradora, fortalecimento institucional e estruturação do órgão para cuidar integral e totalmente da produção florestal? Nem tanto.


Três horas de aula para 2 mil professores e algum material didático não poderão fazer muito. E a programação continuará propositalmente alienante, a cava de lavra continuará aumentando e gerando retorno aos investidores. O serviço continuará inoperante e ineficaz.


A supremacia da bovinocultura e a rentabilidade dos insumos e mercadorias agrícolas e minerais continuarão sobre o estorvo das coberturas arbóreas nativas. Mas antes um alento que um sufoco. 

Pecuária ou floresta?  Foto: Ernesto de Souza

O gestor público disse que era um sonho o Manejo Florestal ser incluído na programação da emissora. E é justamente no intuito de tornar isso realidade, aproveitando a carona nessa nobre tarefa, centrada na essência da produção florestal, que os profissionais, entidades, servidores e consumidores devem agir. No acompanhamento do projeto, no repasse das informações, na divulgação dos resultados e seus ganhos, e sobretudo, na replicação das ações.


Deve-se aproveitar a oportunidade para esclarecer, divulgar, valorizar, convencer e promover a adesão da maioria, inclusive daqueles que pensam contrariamente.




O mérito do propósito nos deixa uma esperança de que não só crianças, estudantes e ribeirinhos de áreas periféricas e dependentes da Amazônia sejam instruídos. Telespectadores, acionistas, financiadores, fabricantes, comerciantes, anunciantes e governantes, também poderiam obter, quem sabe, esclarecimento para mudar suas convicções. E também algumas gotas de ânimo para escolher a floresta como fonte de desenvolvimento, no oceano de eficientes estímulos desflorestadores.


Para saber mais sobre o Projeto Florestabilidade:

http://www.frm.org.br/main.jsp?lumPageId=FF8081811F27C555011F37254F73287F&lumS=projeto&lumItemId=8A3E4E38344573090134A49A2A706EE2


http://www.florestal.gov.br/noticias-do-sfb/projeto-florestabilidade-e-lancado-no-rj


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